Monday, March 19, 2012

O direito à Cidadania

Cheguei à conclusão que neste país temos dois direitos: o de pagar e o de esperar.

Hoje dirigi-me às urgências do São Francisco Xavier por volta das 5 da manhã. Foi com gáudio que me permitiram exercer um dos meus direitos com uma celeridade exemplar: em 30 secs tinha aberto os cordões à bolsa e pago a roliça taxa moderadora. Senti a minha cidadania a expandir a uma velocidade inversamente proporcional à minha carteira.

Foi com agrado que,  quando cheguei à sala de espera me dei com um espectáculo desolador. Tirando um velhote, que aparentava ser só acompanhante, e um sem abrigo que com o seu justo dormitar contribuía positivamente para a diversidade sociológica da coisa não havia mais ninguém!

Uma onda de agrado percorreu o meu corpo: aparentemente o meu atendimento seria rápido e em pouco tempo poderia ouvir as Palavras Mágicas da praxe "isso é uma virose,  tome benuron e brufen e ponha-se a andar que isto é para pessoas com mutilações em pelo menos dois sítios! "

Infelizmente estava errado. O direito instituído dita que um cidadão pleno deve gozar cabalmente dos seus direitos,  e ser rapidamente atendido não é patentemente um deles.
Assim fui sujeito a horas e horas de direito. A alvorada raiou e pouco a pouco muitos outros concidadãos juntaram-se a mim e a este exercício.
Eu gostaria de agradecer aos poderes vigentes esta determinação em me facultar está oportunidade. Estou certo que os mais cínicos de entre vós dirá que não, que o governo não é tão bom assim é que a espera se deveu a um excesso de entradas de pulseiras amarelas e vermelhas. Mas eu digo "NÃO,  homens de pouca fé! ".

Porque durante estas belas horas nem uma pessoa foi atendida, na quieta melancolia, do pinhal do Restelo.

E qual foi o diagnóstico perguntam!? Pois bem,  terei todo o gosto em revela-lo, logo que o estado pare de ser tão bom para mim...